Ah, se eu fosse marinheiro…

Posted in Uncategorized on julho 27, 2008 by amandamoraes

Se partisse colava com cola de maresia, eu amava e desamava, surpreso e com poesia

Maresia (Adriana Calcanhotto).

Como pode um coração e várias paixões? Essa é a graça da vida (uma das…). Amar, entregar-se, viver tudo aquilo, ter a capacidade de enxergar o fim, reconstruir-se, amar novamente, entregar-se… um ciclo sutil, ao passo que intenso. Achamos que tudo vai acabar junto com ele, mas logo tudo volta ao que era antes do início. Melhor, volta melhor.

… quero viver como marinheiro.

Aprendemos em cada giro desse ciclo… temos duas opções: ou nos tornamos frios, ou com ainda mais sede de amar.

Sem dúvida, minha boca está seca. Seca de vontade de viver um milhão de ciclos que a vida me der. Vontade de girar até ficar tonta… cair (por que não?). Levantar-me, observar, analisar, seduzir, amar… tudo de novo. Não do mesmo jeito mas, ainda melhor!

Quero viver como um marinheiro…

Olhar o mar e seu balanço, sua liberdade. Desejado, imenso, temperado. Movimentos ora tranquilos, ora agressivos, sempre abruptos, súbitos! Mesmo assim atraente… quem sabe por isso mesmo…

Suas ondas se esquivando do vento, das pedras, de qualquer obstáculo que se faça presente… sempre sinuoso e forte. Sabe dos seus caminhos… sábios caminhos.

… quero viver como um marinheiro.

Em cada canto, seu canto… em cada porto, profundo.

Profundo como a paixão. Há quem diga isso do amor e negue essa propriedade da paixão… sem razão.

Paixão é profunda. Não julguemos se mais ou menos… isso vai de porto a porto. Em uns encontramos liberdade, serenidade, coração batendo forte e seguro. Em outros intensidade, loucura, tensão, tesão… desejo de prender-se, trazer mais próximos do nosso corpo com as unhas, pra não escapar… pra marcar.

Quero viver como um marinheiro…

A cada porto uma surpresa, um encanto. A cada porto uma paixão, uma emoção… algumas vezes sentindo saudades, outras não. Mas, sempre vivendo o lugar, as pessoas e o que elas têm de bom pra você. Só interessam as coisas boas… dependendo da perspectiva, o “ruim” pode ser bom! Não é mesmo? O ruim ensina, te sacode. Fortifica. O ruim é bom. Pensando assim, nada é ruim.

Por isso…

… quero viver como um marinheiro.

Não preciso de dinheiro, nem de conforto. Apenas de…

… um amor em cada porto.

“Queria ser esse peixe.”

Posted in Uncategorized on julho 6, 2008 by amandamoraes

“… Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver
.”

Felicidade que se sabe não tem nada de eterno nem intocável. A vida é feita de momentos de alegria.
E, quando esses momentos se repetem com maior freqüência e na maioria das áreas que compõem nossa vida, dizemos que somos felizes.
Mas, o que fazemos pra que isso perdure? Será que nos damos o direito de sermos felizes?
Eu quero ser feliz… quero mais do que eu mesma possa imaginar.
E, “agora”, com consciência disso, faço o melhor que posso por mim a cada dia.
Eu já experimentei pôr o som nas alturas dentro do quarto (faço sempre), dançar por mais de uma hora sem parar, sozinha, com o corpo livre, com a alma leve, cantando desafinado, sem medo de errar o compasso, dando tudo de mim naquele momento de descontração íntimo, reservado… só meu, tão importante, necessário ao bem-estar físico e mental, quanto três bolas de sorvete cheias de calda de morango (tomo sempre) ou uma sessão de terapia num momento de tristeza (só duas vezes… bastou!).
Mas, me permito enlouquecer no mínimo uma vez por semana. Tá bom vai… não só uma vez por semana e… nem tudo é tão louco assim. Mas, ao menos tento fazer as coisas de maneiras diferentes… de modo que possa me surpreender comigo.

Eu quis arriscar, quero sempre. Por mais que viva intensamente, sempre acho que falta algo mais. Sempre quero mais de mim, mais da vida. Hoje ouvi de uma amiga que, sou tão intensa no meu modo de pensar, nas minhas ações, que vivo 101%!

Eu quero viver… assim sou feliz.

… e o resto é mar.

“… É tudo que eu não sei contar

São coisas lindas

Que eu tenho pra te dar

Vem de mansinho a brisa e me diz

É impossível ser feliz sozinho…”

Música: Wave – Tom Jobim.

Mudanças: dor ou delícia?

Posted in Uncategorized on julho 3, 2008 by amandamoraes

“… nós somos medo e desejo, somos feitos de silêncio e som…”

Medo? Sim, talvez um medo velado e até inconsciente. Medo do desconhecido, de avançar para além das próprias expectativas… das próprias perspectivas.

Medo por não conhecer suas capacidades, existentes sim, entretanto, nunca testadas, nunca postas à prova.

Medo da perda do pouco, e do que para eles, seria o ganho incerto.

Desejo sim. Desejo de viver. Da vida enraizada dentro deles, em ligação direta com seu meio, com seus “iguais”. Um desejo de tranqüilidade, de serenidade encontrada em cada árvore, em cada animal, em cada gota de mar… de seu mar.

Desejo de ver crescer o que plantar, através do reflexo nos olhos dos seus. De banhar o filho do filho nas mesmas águas que o pai dos pais.

Mas, apesar do medo e do desejo que todos temos, salta dos olhos uma felicidade independente. Felicidade adquirida da paz de seu berço, do gorjear das aves… felicidade silenciosa dos mais velhos, presentes na alma de cada marca trazida pelo tempo, nos pés sujos pelas suas terras e cansados por elas mesmas, nos fios brancos, nos ouvidos que atendem o chamado da felicidade dos mais novos. Ah, esta sim se ouve! Essa se grita, se berra. Essa corre pelos matos, pula nas águas, toca nos bichos, chora de birra! Essa ri por rir, ri porque é feliz. E sabe sê-lo… e será ainda mais e cada vez mais.

Talvez através do que lhe dá medo, terá ainda mais felicidade.

“… não haveria luz se não fosse a escuridão. A vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim…”

Música: Certas Coisas – Lulu Santos e Nelson Motta.